Não sou insensível nem antipatriota, ao contrário, amo demais meu país. Por isso, vendo tantas notícias e comentários hora criticando hora manifestando apoio seja a seleção de futebol seja a jogadores específicos da seleção, fico pensando no que realmente queremos neste momento.
Vi há poucos minutos um vídeo de uma mulher chorando e dizendo "eu quero ser campeão, Dilma! Por que você não pagou a Alemanha?"
Oxe?? O importante é vencer a qualquer custo?
Entre essas e outras eu li agora essa notícia no G1 esporte "Por lesão, Fifa terá que pagar salário de Neymar a partir de 2 de agosto". E sabem de quanto será este pobre salário? Até ele se recuperar, deverá receber R$ 42.116,00 POR DIA!! Isso mesmo, por dia!
Agora me digam se tenho realmente motivos para ficar deprimido com a derrota do Brasil na Copa? Se um jogador de futebol (com todo o talento que ele tiver ou que a mídia diz que ele tem) por causa do seu "talento" ganha R$ 42.116,00 por dia de salário, sem ter feito uma Faculdade, sem ter produzido nada de realmente significativo para a promoção do bem comum (e não falo de obras de caridade, porque tem muita gente de bom coração e sem dinheiro que é muito solidária), o que realmente é importante?
São os fãs que pagam esses valores consumindo ingressos e produtos oficiais. A paixão não é racional, nunca foi. Um fã saberá justificar gastar R$ 700,00 reais numa camisa oficial do seu time do "coração". Ou seja, todos nós, nesta roda viva pagamos para manter esse "padrão FIFA" de estrutura tão escandalosamente desproporcional a grande realidade das pessoas "não talentosas" neste esporte.
Vocês não acham que tem alguma coisa errada nesta situação?
Não pensem que desmereço o atleta ou a importância do esporte na nossa vida, porque todo esporte favorece o desenvolvimento da nossa saúde como também é uma fonte prazerosa de lazer. O que questiono é a irracionalidade desses disparates que cercam o mundo esportivo e fazem dele uma indústria milionária, tudo movido pela "paixão" de bilhões de pessoas que sustentam esses sistema.
Só gostaria que tivéssemos a mesma paixão para investir contra a corrupção que envergonha nosso dia-a-dia no cenário político nacional e local. Paixão para exigir reformas políticas sérias. Paixão para que se invista em educação e saúde decentes e dignas para todos. Paixão para dar, cada um, sua contribuição para fazer cada cidadão sentir orgulho de ser brasileiro.
Desculpem os fãs do esporte, mas para mim é indiferente o Brasil ter perdido ou ganhar um dia a Copa e se tornar Hexa. Foi divertido assistir aos jogos, torcer, brincar com os resultados, mas a Copa termina por aí pra mim. Sem sofrimentos e copiosas lágrimas. E depois dessa notícia que o "pobre" craque ferido, sem poder trabalhar por causa da lesão, vai receber da FIFA, repito, R$ 42.116,00 por dia, não posso sentir peninha como se esse e os outros fossem uns coitados que perderam tudo que tinham com a derrota. É claro que tem o dano emocional e psicológico de quem disputa um evento desse tipo e quer vencer. Ninguém quer perder.Porém, esse sofrimento passa e a vida de cada um vai continuar, com, no máximo, uma ferida no orgulho e na autoestima por não terem vencido. Só isso! Nada que terapia não ajude a resolver.
Posso estar, talvez, parecendo duro em minhas colocações, mas não é nada de pessoal. Apenas estou questionando todo esse sistema e a injustiça para com trabalhadores, professores, cientistas, técnicos, que suam dia e noite para construir esse país e que, em sua maioria, tem que viver de salário mínimo, sem poder usufruir de educação de qualidade, saúde descente, segurança eficiente.
Acredito que o problema está no coração humano. Temos ideais, mas também temos a ambição de sempre querer ter mais do que realmente precisamos e isso independe de classe social, educação, cultura, sexo ou religião. É uma fraqueza humana difícil de contornar. E se eu fosse falar do sistema político daria um texto duas vezes maior do que este. E nem sei se alguém vai ter a coragem de ler ele todo, mas eu me senti na obrigação de escrever algo.
Cada um tire suas conclusões.
Um abraço para todos!
Me perdoe por ocupar o teu espaço, mas o maior câncer do Brasil é a mídia falada, impressa e televisiva. Veja o caso do Faustão da Rede Globo, que ganha 5 milhões de reais por mês (4 vezes mais que o Neymar) e usa um espaço numa concessionária de comunicação para se "revoltar" contra a saúde, a segurança e a educação do Brasil. Com certeza, ele nunca usou o SUS, nem seus filhos estudam em escolas públicas e deve ter um carro blindado. Esta hipocrisia é própria de todos os apresentadores de TV e rádio. Pensam apenas nos lucros que os anúncios comerciais irão lhe trazer. Augusto, tenho um amigo que viajou por todos os EUA e ele me disse que ficou impressionado com a pobreza, fome, moradores de rua, prédios abandonados, drogados perambulando pelas ruas e muito mais. Além disso ele teve de desembolsar US$ 2.500 para se tratar de uma pneumonia, pois nos EUA, não existe serviço gratuito de saúde, nem para ele, que era um turista e nem para os demais habitantes daquele país. Tudo isto não é mostrado a maioria das pessoas, que protestam por melhorias, mas não sabem o que ocorre no país mais poderoso do mundo.
ResponderExcluirSe você souber inglês veja o artigo abaixo:
http://www.nydailynews.com/new-york/1-5-new-yorkers-rely-charities-food-article-1.1723671
1 em cada 5 habitantes de Nova York (1.8 milhão de pessoas) precisa de ajuda do governo para comer.
Concordo com você Frank Edwards. Se fôssemos analisar a fundo essas questões teríamos muito material para refletir e discutir. O exemplo que você colocou da mídia é verdade, neste meio tem muita coisa também que se poderia dizer. Peguei o tema do futebol porque está em evidência e para mim ilustra bem a contradição em que vivemos.
ExcluirEu estive na Europa e vi lá problemas também. Vi imigrantes que trabalham nas ruas como camelôs para sobreviver (oriundos do continente africano e da índia em sua maioria). Pessoas que vivem de pedir esmola. Vi o problema da crise que tem gerado desemprego em várias regiões, especialmente para os jovens. Conheço também o sistema de saúde americano que funciona assim: ou você tem dinheiro ou algum plano de saúde ou você não tem assistência de qualidade.
O que falei na postagem acima pode ser aplicado a várias realidades também fora do Brasil, mas minha intensão é provocar uma reflexão interna porque não podemos nos acomodar diante de tantos problemas só porque lá fora também tem e achar que aqui já está bom. O Brasil é grande e em algumas regiões as coisas funcionam melhor e em outras pior. Aqui na região onde vivo as coisas não estão bem e acredito que a responsabilidade é das autoridades e da população também. As autoridades não planejam e investem de modo eficiente nos serviços básicos e a população, contaminada pela mentalidade de "levar vantagem", não se preocupa em fiscalizar e cobrar, mas só se preocupa em alcançar vantagem cada um para si. Claro que tem muita gente boa e honesta, mas esses perderam a esperança de mudança e se acomodaram. Eu estou tentando não me acomodar, mas é difícil.
Mais uma vez obrigado pela sua colaboração nesta reflexão. Um abraço.