sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Ho, Ho, Ho! Que venha o ano novo!

O ano está no fim. E, pensando no que poderia escrever, resolvi apenas dizer OBRIGADO PELA FORÇA!
Isso mesmo! Eu inventei de criar este blog e algumas pessoas acessaram, leram os textos e artigos, algumas (poucas) comentaram ou votaram na enquete. Tudo bem...
Estou feliz porque este espaço de reflexão e partilha está no ar. Estou feliz porque algumas pessoas querem compartilhar comigo neste espaço...
Espero conseguir manter este espaço funcionando no próximo ano, porque o trabalho aumenta e o tempo sempre parece menor. Este final de ano não consegui postar nada além deste último texto de 2010...
A você twiteiro, orkuteiro, facebooqueiro, e todos os eiros que possam existir, meu abraço e desejo de um  ano  novo realmente novo! Novo em esperanças e atitudes, novo no desejo de transformar este mundo e de viver plenamente nossa vida compartilhando-a com os outros, pois só se é feliz de verdade nesta vida se se aprende a  amar... Um ano novo mais consciente e comprometido com a luta por mudanças reais na estrutura de exclusão de tantos e tantas do nosso convívio social... Um ano novo de mais ternura e amizade, pois há tanto sofrimento e solidão, e tantas pessoas precisam descobrir ainda a beleza de estar vivo... Um ano novo de possibilidades e de sabedoria para saber escolher o caminho a seguir...
Espero poder continuar compartilhando com todos os que quiserem minhas idéias e reflexões, mas também quero ouvir o que vocês tem a dizer... Que seja um ano de diálogo, não um monólogo....

Até daqui a pouco, em 2011! Nos encontramos lá, se Deus quiser!

Um forte abraço!

Pe. Augusto Lívio

sábado, 11 de dezembro de 2010

"Eu ajudei a destruir o Rio de Janeiro."


QUANDO A HIPOCRISIA SE ALIA A DEMAGOGIA NO BRASIL E RIO DE JANEIRO

Fonte: Jornal de Brasília
Sylvio Guedes, editor-chefe do Jornal de Brasília, critica o "cinismo"dos jornalistas, artistas e intelectuais ao defenderem o fim do poder paralelo dos chefes do tráfico de drogas. Guedes desafia a todos que "tanto se drogaram nas últimas décadas que venham a público assumir:


Leia o artigo na íntegra:
É irônico que a classe artística e a categoria dos jornalistas estejam agora  por assim dizer, na vanguarda da atual campanha contra a violência enfrentada pelo Rio de Janeiro. 

Essa postura é produto do absoluto cinismo de muitas das pessoas e instituições que vemos participando de atos, fazendo declarações e defendendo o fim do poder paralelo dos chefões do tráfico de drogas.
( Grifo meu: "Por isto esta mesma corja odeia a verdade descarada exposta em TROPA DE ELITE)".

Quando a cocaína começou a se infiltrar de fato no Rio de Janeiro, lá pelo fim da década de 70, entrou pela porta da frente. Pela classe média, pelas festinhas de embalo da Zona Sul, pelas danceterias, pelos barzinhos de Ipanema e Leblon.

Invadiu e se instalou nas redações de jornais e nas emissoras de TV, sob o silêncio comprometedor de suas chefias e diretorias.
Quanto mais glamuroso o ambiente, quanto mais supostamente intelectualizado o grupo, mais você podia encontrar gente cheirando carreiras e carreiras do pó branco. 

Em uma espúria relação de cumplicidade, imprensa e classe artística (que tanto se orgulham de serem, ambas, formadoras de opinião) de fato contribuíram enormemente para que o consumo das drogas, em especial da cocaína, se disseminasse no seio da sociedade carioca - e brasileira, por extensão.

Achavam o máximo; era, como se costumava dizer, um barato !!!
Festa sem cocaína era festa careta. 
As pessoas curtiam a comodidade proporcionada pelos fornecedores: entregavam a droga em casa, sem a necessidade de inconvenientes viagens ao decaído mundo dos morros, vizinhos aos edifícios ricos do asfalto.
Nem é preciso detalhar como essa simples relação econômica de mercado terminou. 

Onde há demanda, deve haver a necessária oferta. E assim, com tanta gente endinheirada disposta a cheirar ou injetar sua dose diária de cocaína, os pés-de-chinelo das favelas viraram barões das drogas.

Há farta literatura mostrando como as conexões dos meliantes rastacuera, que só fumavam um baseado aqui e acolá, se tornaram senhores de um império, tomaram de assalto a mais linda cidade do país e agora cortam cabeças de quem ousa lhes cruzar o caminho e as exibem em bandejas, certos da impunidade.
Qualquer mentecapto sabe que não pode persistir um sistema jurídico em que é proibida e reprimida a produção e venda da droga, porém seu consumo é, digamos assim, tolerado.

São doentes os que consomem. Não sabem o que fazem. Não têm controle sobre seus atos. Destroem famílias, arrasam lares, destroçam futuros.

Que a mídia, os artistas e os intelectuais que tanto se drogaram nas três últimas décadas venham a público assumir:
"Eu ajudei a destruir o Rio de Janeiro."

Façam um adesivo e preguem no vidro de seus Audis, BMWs e Mercedes e sejam mais honestos consigo mesmos.



quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Rio de Janeiro: a guerra como caminho para a paz?!?!

Exatamente no dia 25 de novembro de 2010 eu fui ao cinema para assistir ao filme “Tropa de Elite 2” (apesar de não ter assistido o primeiro!). Assistindo ao telejornal, naquele mesmo dia, fiquei com a impressão de estar revendo o filme, pois havia começado a ocupação dos morros no Rio de Janeiro (ou Comunidades) que eram redutos do narcotráfico.

Uma operação articulada entre polícias, exército e sistema de inteligência executou a invasão e ocupação dessas Comunidades, realizando prisões, apreensões, com baixas (infelizmente) devido à resistência armada dos traficantes.

Entretanto, o que mais me chamou a atenção não foi o aparato militar, ou a quantidade de apreensões de drogas e armas, mas o discurso de que agora essas comunidades estão em paz, agora acabou o terror, o medo, porque os traficantes foram expulsos desses lugares. Este discurso revela que a solução (a única talvez) era realizar uma ação como esta: uma ação de guerra!

Não quero aqui criticar a ação das autoridades, pois sei que todos aqueles homens arriscaram suas vidas para cumprir a missão de ocupar as comunidade e prender os bandidos. Sei que eles fizeram todo o trabalho com o objetivo de ajudar aquelas pessoas que eram reféns dos traficantes. Sei que a ação realizada tinha como motivação fazer o bem àquelas pessoas.

O que me inquieta em tudo isso é outra coisa! O que me angustia é a idéia de que em alguns casos a única solução esteja (talvez) na ação armada, violenta, para se poder resolver o problema que, devemos lembrar, não é uma coisa qualquer, mas são pessoas que seguiram uma vida de crimes... Que a solução seja atirar contra essas pessoas (pois elas também atiram!), matá-las em nome do bem comum e da lei, agir com força e violência para dominar essas pessoas, para que elas não prejudiquem mais ninguém. O que me provocou confusão foi ver que religiosos rezavam para que toda esta situação se resolvesse (e a solução era que os policiais vencessem o conflito armado!); ver um dos responsáveis pela ação afirmar categoricamente: “Deus está do nosso lado! Nós vamos vencer!”

É diante de tudo isso que me pergunto: onde está a força do Evangelho? Onde está a fé na conversão? Onde estavam os cristão que não foram capazes de mudar esta situação de modo diferente? A idéia (tão criticada por muitos) que se encontra no ensinamento da Igreja Católica de que existem guerras justas agora encontra sua confirmação mórbida? Realmente para se chegar a paz será preciso passar pela guerra? Será que a violência realmente é o único caminho para se poder fazer justiça em alguns casos?

Confesso que estou confuso: como falar de amor e perdão diante do que vemos neste episódio do Rio de Janeiro? Pois falar nisso soa como omissão ou colaboração com a situação, para com aqueles que cometiam os crimes: tráfico, extorsão, dominando as comunidades pelo medo.

Como trazer a mensagem do evangelho para esta realidade se todos consideram este modo de agir (por meio da força) o melhor caminho para solucionar esses problemas, e pedem a benção de Deus para que tudo termine bem e com a vitória para os “mocinhos”?

Estou procurando respostas e não sei se as encontrarei. A necessidade de partir para uma ação como essa que assistimos pela TV para resolver o problema do crime organizado nessas comunidades revela, para mim, o fracasso do Evangelho, dos cristãos em comunicá-lo.
Essa boa notícia fica parecendo historinha para um seguimento da sociedade que não tem que enfrentar o traficante todos os dias na porta de sua casa, as brigas entre facções ou o medo constante de ser obrigado a colaborar com o acobertamento de criminosos, expondo seus filhos a um mundo violento.

Fato: os homens da polícia, exercito e demais organismos enfrentaram o problema do jeito que foram treinados para enfrentar e comprometeram suas vidas para realizar seu trabalho.

Fato: os cristãos não souberam enfrentar o problema nem foram capazes de comprometer suas vidas na busca de soluções à luz da prática evangélica.

Aparentemente a ação da secretaria de segurança pública resolveu o problema: traficantes presos ou expulsos de seus redutos, apreensão de drogas e armas, mais de sessenta mortes (até o momento em que terminei este texto). Mas, então, para que serve a mensagem do Evangelho? Se por meio da guerra se chega a paz, para que serve o Evangelho da paz?

Não tenho respostas a essas perguntas e angústias, apenas estou expondo esses pontos na esperança de chegar a alguma resposta... Ou quem sabe trocar idéias até conseguir entender o que está acontecendo...


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